Nos grandes centros urbanos, o tráfico e a criminalidade são assuntos comuns, mas a verdade é que isso também acontece – e muito – no interior do Brasil. Cidades pequenas, onde todo mundo se conhece, também têm jovens entrando nesse caminho. Mas por quê? O que faz um guri largar tudo e se envolver com tráfico, roubo ou outros crimes?
A resposta não é simples. São vários fatores que empurram esses jovens nessa direção. O principal? Falta de oportunidade. No interior, as opções de trabalho são limitadas. Quem tem estudo até pode arrumar um emprego melhor, mas e quem não tem? Para muitos, sobra só o serviço pesado na roça ou algum bico mal pago. Enquanto isso, o tráfico oferece dinheiro rápido e uma sensação de poder que nenhum outro emprego dá.
Outro ponto é o desgaste familiar. Muitos desses jovens vêm de lares desestruturados, com pais ausentes ou problemas em casa. Sem apoio, sem conselho e sem uma base sólida, fica mais fácil cair na conversa de quem oferece um “caminho mais fácil”.
A influência também pesa. Em lugares pequenos, todo mundo conhece alguém que está envolvido. E, muitas vezes, esse alguém está bem de vida, com moto nova, roupas caras e respeito no bairro. O jovem olha para isso e pensa: “Se ele conseguiu, por que eu não posso?”
Outro fator importante é a falta de perspectiva. Quando se cresce ouvindo que “aqui não tem futuro”, a ideia de sair pelo crime parece mais atraente. O tráfico, além do dinheiro, vende uma ilusão de status e pertencimento. Para muitos, entrar para esse mundo é uma forma de ser reconhecido, de se sentir importante.
E tem mais um detalhe: a falta do Estado. Em muitas cidades do interior, a presença da polícia e de projetos sociais é quase nula. Enquanto isso, o tráfico está ali, pronto para acolher, dar um jeito de ajudar a família do guri e ainda pagar bem. Quem nunca teve nada, quando vê a chance de ter um pouco, dificilmente pensa nas consequências.
No fim, o que leva um jovem do interior para o crime é um conjunto de fatores: a falta de oportunidades, problemas familiares, influência do meio e a ausência do Estado. E enquanto nada disso mudar, o problema vai continuar. Porque, para muitos, o crime não é escolha – é a única alternativa que parece viável.
Mas a verdade é que esse caminho quase sempre tem um fim trágico. No começo, pode parecer fácil: dinheiro na mão, status no bairro, vida movimentada. Mas logo vem a parte pesada: dívida com traficante, fuga da polícia, traição entre “parceiros” e, muitas vezes, a morte. No crime, não existe amizade de verdade, e quem entra já sabe que a qualquer momento pode ser preso ou levado no caixão. A ilusão do dinheiro fácil dura pouco, e a maioria dos que entram nesse mundo acabam pagando um preço alto demais. No fim das contas, o crime pode até parecer um atalho, mas é sempre um beco sem saída.
