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sexta-feira, junho 13, 2025

Doenças mentais invisíveis: o sofrimento silencioso que atinge milhares de gaúchos

Depressão, ansiedade e outros transtornos psicológicos seguem entre os principais desafios de saúde pública no Rio Grande do Sul. Entenda como identificar os sinais e ajudar a quebrar o preconceito.

O Rio Grande do Sul é o estado com um dos maiores índices de transtornos mentais do país. Apesar dos avanços nos cuidados com a saúde emocional, muitas dessas doenças seguem invisíveis aos olhos da sociedade — e, pior, cercadas de preconceito.

Entre os distúrbios mais comuns estão a depressão, a ansiedade generalizada, os transtornos de pânico, a síndrome de burnout e o transtorno bipolar. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o RS tem uma das maiores taxas de suicídio do Brasil, e muitos dos casos têm relação direta com transtornos psicológicos não tratados ou ignorados.

Segundo especialistas, a subnotificação e o estigma são dois grandes obstáculos. Isso porque, ao contrário de uma doença física visível, como uma fratura ou uma febre, os problemas emocionais não deixam marcas externas evidentes. E, em muitas situações, quem sofre escuta frases como “isso é frescura”, “falta do que fazer” ou “vai ar com o tempo” — comentários que não só desinformam, mas aprofundam o sofrimento.

“É preciso entender que saúde mental é tão importante quanto a saúde física. Pessoas com depressão, por exemplo, não estão apenas tristes. Elas estão doentes, e o sofrimento é real”, explica a psicóloga clínica Aline Vargas, que atua em Camaquã.

Sinais que não podem ser ignorados

As doenças mentais invisíveis podem se manifestar de diferentes formas, e nem sempre os sinais são facilmente identificáveis. No entanto, alguns sintomas merecem atenção:

  • Cansaço extremo, mesmo após descanso

  • Isolamento social

  • Irritabilidade frequente

  • Crises de choro ou angústia sem motivo claro

  • Falta de interesse em atividades antes prazerosas

  • Pensamentos negativos persistentes ou autodepreciativos

  • Ataques de pânico ou sensação constante de perigo

A presença de um ou mais desses sinais, por tempo prolongado, pode indicar a necessidade de ajuda profissional.

O impacto do preconceito

O estigma em torno das doenças mentais ainda é um dos maiores entraves para o tratamento. Muitas pessoas evitam buscar apoio por medo de serem vistas como fracas, instáveis ou incapazes. Esse preconceito, alimentado por desinformação, precisa ser combatido com diálogo e empatia.

“A ideia de que só pessoas ‘loucas’ vão ao psicólogo ou psiquiatra é ultraada. Tratar a saúde mental deveria ser encarado com a mesma naturalidade com que tratamos uma gripe ou uma dor de cabeça”, reforça Aline.

Como ajudar e acolher

Combater o preconceito e apoiar quem sofre com transtornos mentais exige um esforço coletivo. Veja algumas atitudes que fazem diferença:

  • Escute sem julgar: muitas vezes, a pessoa precisa apenas de alguém que a ouça com atenção e respeito.

  • Evite frases prontas: dizer “isso é bobagem” ou “todo mundo a por isso” invalida o sofrimento do outro.

  • Oriente a buscar ajuda: incentive o acompanhamento com psicólogos ou psiquiatras.

  • Divulgue informações corretas: falar sobre saúde mental nas escolas, locais de trabalho e redes sociais ajuda a educar e conscientizar.

Onde buscar apoio no RS

O Rio Grande do Sul conta com diversos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) em municípios de todos os portes, além da rede de saúde mental do SUS, que oferece acompanhamento gratuito. Há ainda ONGs, grupos de apoio e clínicas-escola vinculadas a universidades, que prestam atendimento a preços íveis.

Para casos urgentes, o CVV – Centro de Valorização da Vida oferece apoio emocional gratuito pelo número 188, 24 horas por dia.

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