A estreia oficial de Carlo Ancelotti no comando da Seleção Brasileira aconteceu no dia 5 de junho de 2025, com um empate sem gols diante do Equador, em Guayaquil. Apesar de não ter sido uma atuação brilhante, o Brasil demonstrou organização defensiva e seriedade tática, ainda que tenha pecado na criação de jogadas ofensivas — justamente onde entra o debate: faltou um camisa 10 com a lucidez e a calma de Alan Patrick?
Aos 33 anos, o meia do Internacional vem empilhando boas atuações no futebol brasileiro. É o cérebro do Colorado, liderando em gols, assistências e construção ofensiva. Com Carlo Ancelotti buscando um equilíbrio entre juventude e experiência, muitos começam a se perguntar: Alan Patrick tem espaço nessa nova Seleção?
Por que Alan Patrick entra na conversa
Alan Patrick representa uma rara combinação de inteligência tática, visão de jogo e regularidade técnica. Não é um jogador de explosão, como muitos dos jovens da nova geração, mas seu futebol cerebral encaixa perfeitamente em sistemas mais controlados — exatamente o estilo preferido de Ancelotti.
Na estreia do italiano com o Brasil, ficou claro que o setor criativo ainda está em aberto. Sem Neymar, lesionado, e com Lucas Paquetá em má fase, o time teve dificuldades em furar a retranca equatoriana. Nesse contexto, um jogador com o perfil de Alan Patrick poderia ser extremamente útil: calmo sob pressão, inteligente com e sem a bola, e com es que quebram linhas.
O que Ancelotti busca
Conhecido por tirar o melhor de jogadores experientes, Carlo Ancelotti sempre valorizou meio-campistas com leitura de jogo. No Real Madrid, manteve a confiança em Modrić e Kroos mesmo diante da juventude de Bellingham, Camavinga e Tchouaméni. Essa preferência por atletas que entendem o ritmo da partida pode abrir uma porta para Alan Patrick.
Mais do que isso, Ancelotti precisa encontrar um nome confiável para organizar o meio em jogos travados, principalmente contra seleções sul-americanas que sabem como fechar os espaços. Alan Patrick não é um fenômeno midiático, mas entrega o que muitos “badalados” não conseguem: constância e precisão.
A idade ainda pesa?
Alan Patrick tem 33 anos. Estaria com 34 na Copa América de 2025 e 35 na Copa do Mundo de 2026. Apesar da idade, isso já não é mais um impeditivo como no ado. A nova geração de jogadores — Messi, Modrić, Di María, Kroos — mostrou que é possível competir em alto nível acima dos 30, especialmente quando o jogo depende mais do cérebro do que das pernas.
Concorrência real
Hoje, os concorrentes pela meia central são Lucas Paquetá, Raphael Veiga, Bruno Guimarães e até nomes mais ofensivos como Rodrygo, quando adaptado. Mas nenhum deles tem, hoje, a consistência que Alan Patrick vem apresentando. Enquanto muitos oscilam, o camisa 10 do Inter entrega.
Mesmo jogando no Brasil, o meia tem se mostrado decisivo em jogos grandes, como na Libertadores e no Brasileirão. Seria ousado? Talvez. Mas também foi ousado quando Felipão levou Kleberson em 2002, quando Dunga apostou em Elano em 2010, ou quando Tite convocou Renato Augusto mesmo jogando na China.
Convocá-lo seria uma mensagem clara
Levar Alan Patrick para a Seleção seria também uma afirmação de que o futebol brasileiro não pode ser ignorado. Seria reconhecer que o talento ainda mora por aqui, e que nem sempre os melhores estão nos grandes centros europeus. Mais do que isso, seria premiar o mérito, a fase e o futebol — não o marketing.
Conclusão
A estreia de Ancelotti mostrou que o Brasil ainda está em busca de sua identidade sob novo comando. A defesa está sólida, os pontas são promissores, mas o cérebro do meio-campo ainda está indefinido. E talvez, em vez de olhar apenas para a Europa, seja hora de olhar para Porto Alegre.
Alan Patrick, com sua calma, técnica e liderança silenciosa, pode ser o camisa 10 que essa Seleção precisa — mesmo que não seja o 10 que todos esperam.
